A tarde da última sexta-feira (1º) ficará marcada para sempre na memória da professora universitária Amanda Figueroa. Ela foi espancada pelo namorado dentro da própria casa e na presença de sua filha. O agressor, Teócrito Amorim, está preso na Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes, em Petrolina, e ameaçou, caso seja solto, matar a professora e sua filha. As marcas da violência estão no rosto da professora, que leciona no curso de Enfermagem da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Segundo ela, o agressor foi a sua residência e depois de uma discussão verbal, tentou matá-la enforcada e a agrediu com vários socos. “Ele só parou de bater porque fingi que estava desacordada. Quando ele pensou que eu estava morta, logo se arrependeu e pediu perdão. Fui tentando acalmá-lo e convenci que ele me trouxesse ao hospital. No caminho, ele tentou me comover, pediu que eu não denunciasse, falou que seríamos felizes juntos. No momento em que ele saiu para buscar meus documentos, pedi para que o médico chamasse a Polícia”, conta Amanda. O agressor foi preso em flagrante. De acordo com a professora, ele já tem passagens pela polícia. A lista inclui agressões a outra companheira, brigas de trânsito, envolvimento com drogas e excesso de álcool. No entanto, segundo Amanda, ele estava lúcido no momento do crime. Amanda está internada em um hospital particular na região central de Petrolina. Ela toma medicamentos para dor e, felizmente, não sofreu fraturas no crânio. Os dois namoraram cerca de quatro meses e, desde o fim do ano passado, ele começou a apresentar um comportamento agressivo. Amanda chegou a representar contra o namorado na Delegacia da Mulher, conseguiu uma medida protetiva na qual proibia que ele se aproximasse a 200 metros de sua casa, mas nada foi cumprido pelo agressor. “Nós tínhamos planos de casar, morar junto. A gente nunca acredita que vai chegar a esse ponto. Os familiares dele já pediram para retirar a queixa, mas não é uma questão de vingança ou raiva. Primeiro é uma questão de segurança, depois de Justiça. A gente não pode se calar diante das situações e nem ser conivente com isso. O silêncio é a conivência”, fala.
As marcas
Ao ser questionada sobre como ficará sua vida daqui pra frente, Amanda destaca que estará mais tranquila enquanto o agressor estiver preso e que tentará voltar à rotina, mas não deixa de lembrar que as marcas da violência ficarão em sua memória. “Fisicamente, os endemas irão sumir, as marcas irão sair, mas a questão do psicológico pesa. Minha filha de seis anos ouviu tudo e entendia o que estava se passando. Ele deixou sequelas não só em mim, mas na própria família dele e na minha”, destaca. Ela reforçou ainda que familiares seus estão vindo a Petrolina para tratarem do futuro de Amanda. Para as mulheres que têm medo de denunciar seus agressores, a professora não apenas dá um recado, mas se torna o exemplo vivo de que é preciso que todos se mobilizem contra a violência. “Eu espero que as pessoas tenham coragem porque a gente não pode esperar o dia de amanhã. Se na primeira denúncia ele tivesse sido preso, talvez eu não estivesse aqui nessa situação. Eu também desejo que as autoridades entendam que uma lei existe e que precisa ser cumprida rigorosamente e cobrada pela sociedade. Eu não tenho vergonha, nem medo de me expor, o que eu tenho é um desejo muito grande de dizer às pessoas que não se calem diante de situações como essa”, explica.
Sentimento de impunidade
Amanda ressalta também que seu agressor, pelo fato de possuir amigos magistrados na cidade, acredita que não ficará detido por muito tempo. Mas depois de denunciar o fato à polícia, ela diz acreditar que isso não ocorra. “A própria delegada da Mulher, Dra .Raquel Rabelo, disse que até hoje nunca viu nada parecido como o que aconteceu comigo”, completou. (Carlos Brito)
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