A fábrica de dormentes da Ferrovia Transnordestina está completamente parada. A produção, localizada no município de Salgueiro, no Sertão do estado, era a única movimentação efetiva de atividade no projeto em Pernambuco e sua suspensão levou à demissão de aproximadamente 800 trabalhadores, segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE).
O representante da subsede do sindicato em Salgueiro, Luciano Silva, afirmou que a Transnordestina Logística (TLSA), empresa responsável pela obra, alega que o estoque de dormentes está em capacidade máxima e a obra não avança com velocidade para reduzir esse volume, estimado em 350 mil unidades. Com essa quantidade, é possível montar cerca de 200 quilômetros de ferrovia. “Recontratações só em outubro, eu acho”, previu.
Há um ano, essa produção também passou por suspensão, pelo mesmo motivo. Com as demissões atuais, cerca de 3 mil trabalhadores permanecem no projeto em Pernambuco. São 4,5 mil no total. A construção hoje está em montagem da superestrutura da ferrovia (a fase trata da colocação dos trilhos e dormentes) em Parnamirim e Arcoverde, onde um túnel segue em construção para que os trens passem sob a BR-232. A cidade também possui uma unidade industrial para fabricação de pré-moldados.
Apesar dos desligamentos, uma paralisação de advertência da força de trabalho está agendada para a próxima semana. “Há uma parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) vencida e outra vence em junho. Vamos pressionar com paralisação nos três estados para que esse ponto se regularize”, pontuou Silva. A assessoria de Imprensa da TLSA não emitiu posicionamento sobre a obra.
A via férrea cortará três estados do Nordeste (Ceará, Piauí e Pernambuco) e não passou de 35% de conclusão. São 1.728 quilômetros que partem de Eliseu Martins, no Piauí, até Salgueiro, no Sertão pernambucano, de onde saem duas conexões para os portos de Pecém, no Ceará, e de Suape, em Pernambuco. O custo da obra é de R$ 7,5 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões já foram executados. Como executar mais da metade da obra com um terço do orçamento é outra conta que a empresa não explica. O empreendimento é obra prioritária do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, com meta de entrega em 2014.
Estaca zero
O sonho de implantar uma Plataforma Logística Multimodal na cidade de Salgueiro amarga mais um vez e volta a estaca zero. Estudo feito pela Libra Holding S.A., última empresa interessada em tirar do papel o projeto, apontou que o modelo é inviável na metodologia de Parceria Público-Privada (PPP). O equipamento, porém, continua na carteira de projetos prioritários do plano anual do governo Eduardo Campos e aguarda novas propostas de intenção de empreendedores.
O banho de água fria saiu de relatório de desempenho dos contratos de Parceria Público-Privadas, no qual a Secretaria do Governo (Segov), pasta estadual responsável pela metodologia de contrato via PPP, destaca que a os estudos de viabilidade da Plataforma Logística Multimodal de Salgueiro mostram que, “pela modelagem proposta, realizar tal empreendimento mediante PPP é inviável”. O documento que contém a informação é atualizado anualmente e enviado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) pelo governo.
O processo de viabilização do projeto possui duas etapas essenciais, das quais o processo não avança há anos. Um emprendedor interessado em construir a plataforma apresenta um pré-projeto ao governo e pede autorização para realizar um estudo de viabilidade. Com a liberação, é o resultado deste estudo que será avaliado pelo governo para colocar em prática e montar os canteiros de obras. A empresa foi procurada pela reportagem, mas não apresentou detalhes da inviabilidade levantada.
A Plataforma Logística Multimodal de Salgueiro é prometida há anos, cujo projeto promete posicionar o Sertão pernambucano como o centro de integração de toda infraestrutura nas próximas décadas. A cidade tem se tornado um grande canteiro de obras, por conta da implantação da Ferrovia Transnordestina e da Transposição do Rio São Francisco. O próprio ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, já nomeou Salgueiro como a cidade estratégica do Nordeste, “onde serão exercidas, por diferentes operadores, todas as atividades relativas ao transporte, à logística e à distribuição de mercadorias, em âmbito nacional como também para o internacional”.
Além de Central de Cargas Rodoviárias e um Terminal Ferroviário de Cargas, cogita-se a implantação de futuro Terminal Aéreo de Cargas. A ideia contempla, ainda, um centro comercial e de serviços e um Distrito Agroindustrial. A área do projeto é de 301 hectares.
Fonte: Diario de Pernambuco
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